Como trabalha uma terapeuta de orientação psicanalítica?
Como trabalha uma terapeuta de orientação psicanalítica?
O percurso de uma psicoterapia fundamentada na psicanálise se organiza pela noção de que a forma como nós nos situamos no mundo (como sentimos, como agimos, como nos relacionamos com os outros) está ligada a uma parte de nós mesmos que permanece encoberta.
Não conseguimos ver ou acessar diretamente essa parte encoberta e, assim, também não a controlamos com uso da lógica e nem com a “força de vontade”. Por isso mesmo, ela
emerge nos diversos campos da nossa existência, produzindo efeitos que podem ser difíceis de compreender.
É essa parte que reconhecemos como “o inconsciente”.
Embora os efeitos do inconsciente possam ser identificados em muitos dos atrapalhos e sofrimentos em nossa vida, ele não é uma parte “negativa” de nós ou que deva ser extirpada, como se retira um objeto estranho. Uma psicanalista francesa chamada
Elisabeth Roudinesco, que escreveu de forma bastante acessível sobre o inconsciente, explica que nessa parte de nós também existe “um país das maravilhas”.
Na psicoterapia psicanalítica, o terapeuta e seu cliente estabelecem uma relação que lhes permite trabalhar conjuntamente, buscando acolher e refletir sobre as formas pelas quais este último é afetado por suas contradições, e pelos conflitos que habitam sua vida psíquica.
Para que o cliente possa criar novas formas de se relacionar com o seu sofrimento e com sua potência, é preciso que o terapeuta dê espaço à palavra, ao relato que o cliente faz sobre si e sobre suas insatisfações, sobre o que lhe causa dor. É justamente para dar
espaço a esse relato que o terapeuta adotará, em certos momentos, uma atitude mais reservada. Isto é radicalmente diferente de ficar estático e ser insensível!
O terapeuta é uma presença viva e se implica na caminhada de seu cliente.